quarta-feira, 30 de novembro de 2011

De folga de mim


Minha tristeza é tão nítida
Que passo aos olhos de quem não me conhece
Como uma pessoa tímida, discreta até...
Logo eu
Justo eu, devota da santa ignorância
Fiel ao exagero
Hoje não tenho pressa
Nem medo
Nem me sinto indefesa
Nem surpresa com isso
Hoje me desconheço
Hoje estou calada
Sem rir demais
Sem chorar
Hoje não faço drama
Nem me comovo com comerciais
Hoje não quis ler nenhum livro
Hoje estou de folga
Das minhas reclamações e paranóias
Hoje tive um dia normal
O que normalmente não acontece
Hoje não separo loucura de caretice
Hoje só sobrevivo
Não lamento nem sorrio
Estou cansada
Exausta
Hoje estou de folga
Dos meus problemas
E até dos meus sonhos
Hoje passei o dia só
E nada me fez falta
Hoje não exagero em gestos
E não respiro com prazer
Apenas existo, involuntariamente
Hoje cansei da morte e até da vida
Hoje sou uma estranha
Nada me importa
E não vejo beleza nem dor
Em nada
Não sinto pena nem remorso
Nem amor próprio
Amanha
Eu volto.

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